Marcos Roberto Furlan

As pesquisas que comprovam a eficácia dos usos terapêuticos das plantas medicinais ocorrem em ritmo acelerado. Como consequência, o mercado dos fitoterápicos, medicamentos a base de plantas, tem crescido nos últimos anos cerca de 10 a 14% ao ano.

No entanto, boa parte das plantas medicinais utilizada no Brasil é obtida por meio do extrativismo. E a maioria das plantas utilizadas nos medicamentos é importada, apesar do país ter uma das maiores biodiversidade de plantas, inclusive com potencial medicinal e alimentício.

Apesar deste panorama, são poucos os que produzem plantas medicinais, inclusive em seus quintais, os quais, antigamente, abrigavam uma flora diversificada quanto aos  usos. O cultivo destas espécies, além de trazer benefícios na cura ou na prevenção de doenças, é também uma forma de lazer e de resgate ao rico conhecimento dos nossos antepassados sobre a flora.

Para iniciar o plantio das espécies medicinais, alguns passos são importantes. A correta identificação é essencial, pois são inúmeras as confusões quanto aos nomes populares das plantas, como, por exemplo, há algumas denominadas de boldo-do-chile, sendo que este, cujo nome científico é Peumus boldus, é raro no Brasil. Outros exemplos, no país são mais de vinte plantas que recebem o nome arnica, mas a Arnica montana, a espécie utilizada nos medicamentos, é importada, e são mais de 100 espécies que recebem o nome manjericão.

Outro aspecto importante é quanto à produção dos princípios ativos nas plantas. Estas substâncias são produzidas, com algumas exceções, para a defesa da planta, isto é, para a planta ser medicinal ela precisa de algum estresse, tais como o ataque de pragas, o excesso de calor, a falta de água e a incidência de raios ultravioletas. Com isto, uma planta medicinal não pode ser conduzida como uma planta que será usada como alimento.

Os aspectos climáticos possuem muita influência, pois as variações de temperatura, de incidência de chuvas e comprimento do dia, por exemplo, são fatores que provocam mudanças no metabolismo da planta, a ponto de alterar o tipo de substância a ser produzida ou reduzir o teor destas.

A forma de propagação deverá ser observada, pois quando o plantio é feito por sementes há maior probabilidade de variação de princípios ativos, enquanto que no plantio por partes da  planta (estacas de galho, de rizomas e divisão de touceira, dentre outros), os descendentes terão características semelhantes à planta mãe e com pouca variação de princípios ativos entre eles.

Na etapa final do cultivo de plantas medicinais, a colheita deverá ser feita no momento em que ela produz maior teor de princípios ativos, e a secagem feita de forma que ocorra menor perda na concentração destas substâncias.

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Marcos Roberto Furlan é engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado em Agronomia (Horticultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000). Professor na Universidade de Taubaté (UNITAU), no curso de Mestrado em Desenvolvimento Humano da UNITAU e no curso de Agronomia da Faculdade Integral Cantareira. Professor em cursos de especialização nas áreas de fitoterapia e de plantas medicinais. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Plantas Medicinais e Agricultura orgânica, atuando principalmente nos seguintes temas: cultivo orgânico, aspectos agronômicos das plantas medicinais, condimentares e aromáticas, etnobotânica e fitoquímica.
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